Começa aqui, não necessariamente nesta ordem, a série "Crônicas Irônicas" em homenagem à profissão que abracei um dia e agora, não consigo mais largar...
Quero deixar claro que se trata de uma obra meramente fictícia e qualquer semelhança com fatos ou pessoas da vida real é pura coincidência, ou força do hábito da profissão mesmo.
Um dia na vida de Skivos Egos Job - o cara da criação
Enquanto isso... no departamento de criação de uma agência de propaganda qualquer, Skivo olha fixamente para sua tela LCD de cristal líquido 24 polegadas carregada por milhares de gigabites nervosos e saltitantes... desta vez ele realmente se superou... que imagem! Poderia ser Leonardo da Vinci com seus pincéis eletrônicos sacando nuances incríveis de sua blaster palheta de cores àquela imagem banal! Seus olhos vermelhos e compenetrados chegavam a lacrimejar de emoção e ardor, colados naquela janela brilhante. Ele realmente leva a sério seu ego inflado, digo, seu trabalho, passa dias e dias retocando aquelas imagens como se fosse salvar o mundo. Skivo não é grande, muito pelo contrário, possui estatura mediana e atarracada... mas em compensação, seu orgulho é descomunal e chega a não caber no espaço da baia onde ocupa, esmagando seus pobres companheiros mortais, que ao contrário dele, já perceberam que não vão mudar o mundo com suas idéias de vento e se resumem apenas a matar os jobs de cada dia. E por falar em colegas de trabalho, Skivo não se intimida em azucrinar o pobre redator, que refaz seus textos até não sobrar uma palavra do vocabulário. E depois de todo o trabalho, Skivo lima cruelmente o texto, reduzindo o título até quase parecer um cocô de mosca no layout... sob o argumento de que as letras estavam sujando a sua arte.
Skivo realmente se considera um cara diferenciado... por isso seus prazos são maiores e, por conseqüência, os baba ovos de plantão se amontoam em frente a sua máquina, admirando sua obra e esperando por uma migalha de brilhantismo que possa escapar. Skivo sempre vende seu trabalho como se ninguém tivesse pensado naquilo antes e o pior é que todo mundo acredita! E quando o cliente recusa, é possível perceber o rubor que se forma por baixo de sua bochecha trêmula e relutante em esconder a birra infantil que grita dentro dele, pedindo pra sair... sua reação contida mal consegue disfarçar sua inconformidade com a ignorância do interlocutor que não soube entender o seu trabalho, obviamente por causa da “miopia crônica que se instala e se alastra pelos departamentos de marketing das corporações”, diz ele em voz alta e sínica para seus colegas. Ele simplesmente não admite a recusa, não sabe conviver com o “não” porque pensa que, por estar acima do bem e do mal, que não é compreendido por tamanha genialidade e por isso, se consome assistindo seu talento escorrer pelos dedos das mãos dos ignorantes e desavisados. É aí que uma voz tendenciosa susurra lá de dentro de sua consciência brilhante: “pensa no dinheiro Skivo”... então ele se conforta com a idéia de poder comprar o próximo laptop ainda mais poderoso, com tecnologia wi-fi de última geração que acaba de ser lançado, ou aquele carro que só tem quem fez por merecer, ou ainda fazer aquela viagem que estava adiando há tanto tempo para Dubai... respira fundo e aliviado e vai embora pra casa feliz e no horário, com aquela sensação de dever genialmente cumprido.
Skivo realmente se considera um cara diferenciado... por isso seus prazos são maiores e, por conseqüência, os baba ovos de plantão se amontoam em frente a sua máquina, admirando sua obra e esperando por uma migalha de brilhantismo que possa escapar. Skivo sempre vende seu trabalho como se ninguém tivesse pensado naquilo antes e o pior é que todo mundo acredita! E quando o cliente recusa, é possível perceber o rubor que se forma por baixo de sua bochecha trêmula e relutante em esconder a birra infantil que grita dentro dele, pedindo pra sair... sua reação contida mal consegue disfarçar sua inconformidade com a ignorância do interlocutor que não soube entender o seu trabalho, obviamente por causa da “miopia crônica que se instala e se alastra pelos departamentos de marketing das corporações”, diz ele em voz alta e sínica para seus colegas. Ele simplesmente não admite a recusa, não sabe conviver com o “não” porque pensa que, por estar acima do bem e do mal, que não é compreendido por tamanha genialidade e por isso, se consome assistindo seu talento escorrer pelos dedos das mãos dos ignorantes e desavisados. É aí que uma voz tendenciosa susurra lá de dentro de sua consciência brilhante: “pensa no dinheiro Skivo”... então ele se conforta com a idéia de poder comprar o próximo laptop ainda mais poderoso, com tecnologia wi-fi de última geração que acaba de ser lançado, ou aquele carro que só tem quem fez por merecer, ou ainda fazer aquela viagem que estava adiando há tanto tempo para Dubai... respira fundo e aliviado e vai embora pra casa feliz e no horário, com aquela sensação de dever genialmente cumprido.
2 comentários:
Sil... acredito que muita gente vai se ver nesse texto... kkkk
por favorrrrr, escreva mais!!!
beijos fervorosos da sua maior fã
Helô
Bela crônica, o blog está melhor ainda e eu estou te premiando com o sêlo Dardos, se vc aceitar, tem uma regra, linkar quem te ofereceu e premiar + 15. O selo está abaixo da foto hóspede do meu blog. 1 bj
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