Quando nasci um anjo esbelto, desses que tocam trombeta, anunciou: vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher, esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem, sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar, acho o Rio de Janeiro uma beleza e ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo.
Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos - dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree, já a minha vontade de alegria, sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável.
Eu sou.
Adélia Prado, muito obrigada por ser mulher.
Um comentário:
CREPÚSCULO DE UM BEIJO
O que mais posso desejar
Senão um beijo seu?
Dele emana o calor me aquece
O mel que me alimenta...
Meu coração dispara!
Molhado ele se veste de paixão
Deslumbrante ele se torna com o crepúsculo,
Prisioneiro se transforma ao nascer do dia,
Senhor absoluto de minh’alma aguerrida.
Da chama eterna, o beijo desperta...
Lábios se tocam em loucuras,
Línguas sem idiomas se comunicam
Num total clima de amor e prazer
O êxtase se inicia...
É o crepúsculo de um beijo.
*Agamenon Troyan
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