8.3.10

Com licença poética




Quando nasci um anjo esbelto, desses que tocam trombeta, anunciou: vai carregar bandeira.

Cargo muito pesado pra mulher, esta espécie ainda envergonhada.

Aceito os subterfúgios que me cabem, sem precisar mentir.

Não sou feia que não possa casar, acho o Rio de Janeiro uma beleza e ora sim, ora não, creio em parto sem dor.

Mas o que sinto escrevo.

Cumpro a sina.

Inauguro linhagens, fundo reinos - dor não é amargura.

Minha tristeza não tem pedigree, já a minha vontade de alegria, sua raiz vai ao meu mil avô.

Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.

Mulher é desdobrável.

Eu sou.


Adélia Prado, muito obrigada por ser mulher.

Um comentário:

Fanzine Episódio Cultural disse...

CREPÚSCULO DE UM BEIJO


O que mais posso desejar
Senão um beijo seu?
Dele emana o calor me aquece
O mel que me alimenta...
Meu coração dispara!

Molhado ele se veste de paixão
Deslumbrante ele se torna com o crepúsculo,
Prisioneiro se transforma ao nascer do dia,
Senhor absoluto de minh’alma aguerrida.

Da chama eterna, o beijo desperta...

Lábios se tocam em loucuras,
Línguas sem idiomas se comunicam
Num total clima de amor e prazer
O êxtase se inicia...
É o crepúsculo de um beijo.


*Agamenon Troyan