26.3.10

Balada do Tempo (O Tempo Avuadô)


Xilo de J. Victtor para o cordel “O Velho Raimundo e o Anel Misterioso”.


O tempo avuô...
Côro: Avuô... Avuô...

Deixa o tempo avuá...
Côro: Avuá... Avuá...

Cê num foge do tempo, minino.
Que ele vai te pegá...
Côro: Avuá... Avuá...

O tempo avuô...
Côro: Avuô... Avuô...

Deixa o tempo avuá...
Côro: Avuá... Avuá...

Quem avua com tempo, minina.
Deixa a vida levá...
Côro: Avuá... Avuá...

O tempo avuô...
Côro: Avuô... Avuô...

Deixa o tempo avuá...
Côro: Avuá... Avuá...

Se o tempo num avua, minino.
Ocê pára no ar...
Côro: Avuá... Avuá...

O tempo avuô...
Côro: Avuô... Avuô...

Deixa o tempo avuá...
Côro: Avuá... Avuá...

Quem avua com vento, minina.
Num se pode para...
Côro: Avuá... Avuá...

O tempo avuadô...
Quem num sabe, apavoro...
Se perdeu num pensamento...
Virô pó no firmamento...
Côro: Avuô... Avuô

18.3.10

"O petróleo é nosso" é tão Anos 70!



Sempre que posso, acompanho as críticas do Jabor e compartilho do mesmo sentimento que ele expressa em relação aos temas polêmicos do país.
Mas, particularmente nesta quinta-feira, 18 de março de 2010, sou obrigada não só a discordar, mas também a me manifestar a respeito do que ele disse sobre o pré-sal e os royalties do Rio de Janeiro.
Eu adoro o Arnaldo Jabor, mas levantar como argumento - contra a lei do Ibsen que determina o repasse proporcional das riquezas do pré-sal aos estados brasileiros – o fato do Rio de Janeiro ter sido já prejudicado com a perda da sede da capital da República (lembra?), de sedes industriais (responsabilidade única e exclusiva dos governos vigentes e seus incentivos fiscais) e, finalmente, ser entregue à gestão de governos e políticos desinteressados e corruptos, que deixaram o estado e a cidade à mercê de “camelôs e do crime organizado”, em suas próprias palavras... francamente!
Acho sim, que esta lei deve ser discutida por ser uma decisão delicada, que precisa ser pensada, planejada. Coisa que o Brasil ainda não está acostumado a fazer. Mas também na podemos encarar essa discussão dessa maneira tão “maniqueísta”. Afinal das contas, o que dizer de São Paulo? Um estado responsável pela geração de um PIB expressivo, revertido proporcionalmente em investimentos que beneficiam todo o país, apesar de todo o seu histórico de dirigentes irresponsáveis (vide Maluf, Pitta, etc) e, apesar de tudo isso, continua trabalhando e gerando riquezas que se dividem e se revertem por todo o país?
Agora sou eu, uma “Maria ninguém” que pergunta: onde fica São Paulo e seu povo guerreiro. Com todo o respeito, Jabor, ainda não sou contra, nem a favor a distribuição proporcional das riquezas do pré-sal por todos os estados brasileiros. Mas seus argumentos foram fracos e, no mínimo, infundados. Tão antigos e vazios quanto o Brasil Colônia.
Acho que os outros estados, pelo menos São Paulo, merecem um pouco mais de respeito no que se refere à sua importância histórica no desenvolvimento deste país, mesmo no que se refere a tantas injustiças cometidas contra o estado do Rio de Janeiro.
Você até finaliza o seu texto com uma previsão ameaçadora no que diz respeito às Olimpíadas e toda a questão da candidatura do estado do Rio. Como se fosse fruto de uma disputa política, onde hinos de Ode ao Rio foram entoados aos quatro cantos, aproveitando-se dos clássicos “Cidade Maravilhosa” ou “Rio de Janeiro como eu gosto de você”... enfim, esquecendo-se de que São Paulo também estava nesta disputa e perdeu. Não por conta dos seus recursos ou capacidade de realizar, mas por conta justamente da paisagem e beleza estonteante do Rio, das forças politicamente poderosas como a Globo. Justamente os argumentos que você repudia agora!
Então, Jabor, não perca mais o foco. Você tem razão quando diz que essa lei é irresponsável. Mas porque ameaça a vida de milhares de pessoas (fluminenses) que sobrevivem das atividades e recursos oriundos do petróleo. Não porque o estado do Rio se sente ultrajado por ter sido, no passado, a grande e próspera capital da República e hoje estar no estado que está. Essa culpa não é do pré-sal! Aliás, as desgraças do Rio são resultados de outros tempos, até dessa cultura colonial, como você mesmo já disse antes em outros comentários. O problema é que, apesar de ser a cidade maravilhosa, o Rio e todo o estado, parou no tempo... talvez naquele tempo dos maravilhosos pecados e tentações da velha colônia.
Mas apesar de tudo isso... o Rio de Janeiro continua lindo!

Pense nisso.

8.3.10

Com licença poética




Quando nasci um anjo esbelto, desses que tocam trombeta, anunciou: vai carregar bandeira.

Cargo muito pesado pra mulher, esta espécie ainda envergonhada.

Aceito os subterfúgios que me cabem, sem precisar mentir.

Não sou feia que não possa casar, acho o Rio de Janeiro uma beleza e ora sim, ora não, creio em parto sem dor.

Mas o que sinto escrevo.

Cumpro a sina.

Inauguro linhagens, fundo reinos - dor não é amargura.

Minha tristeza não tem pedigree, já a minha vontade de alegria, sua raiz vai ao meu mil avô.

Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.

Mulher é desdobrável.

Eu sou.


Adélia Prado, muito obrigada por ser mulher.