24.7.09

Indignada já ficava a sua avó!




São 15 para uma da madruga. Sentada no sofá de casa em frente à TV, assisto, indignada, notícias da vida real.
Ao meu lado, minha gata persa/bagaceira ronrona inocente, felizmente imune a todas as safadezas do mundo.

Vejo, ouço, escuto, não entendo, repenso e concluo o óbvio: somos todos reféns das injustiças da vida. Fadados à indignação eterna que insisite em cobrar de nós impostos morais desumanos.

Notícias do mundo real misturam tragédias e mamatas tão surreais que, no fim das contas, resultam em um descrédito quase total das nossas vidinhas tão insignificantes.

Fatos contradtórios que acabam gerando um sentimento comum:

uma mulher pobre, num bairro pobre da maior e mais rica cidade do país, desce do ônibus lotado com seu filho de 2 anos no colo e é atingida por uma bala “perdida” disparada de uma arma de um policial truculento e despreparado. Desconfiado de uma situação suspeita (motoboy, pobre, num bairro pobre, passando vagarosamente pela rua) num sintoma claro de complexo de inferioridade, ódio e preconceito.
Inferioridade em relação à bandidagem, que é muito mais bem armada, preparada e paga do que ele, funcionário do estado com seu 38 precário e baixo salário.

Do outro lado do Brasil, no meio do nada do cerrado, na capital do Brasil dos altos salários, dos benefícios absurdos, das ajudas de custo milionárias,dos nobres colegas, do Brasil que não tem crise. Mais uma figura histórica, da espécie politicus tradicionalis, que até cadeira na academia brasileira de letras tem (não se sabe porque cargas de canetas!), deita e rola no país como se fosse a sua casa. Manda e desmanda nos mais altos escalões do nosso nobre/pobre poder, beneficiando-se em tudo o que pode, em prol dele mesmo e de sua nobre família numa demonstração clássica do nepotismo tupiniquim que impera nesse país tão pobre.

Aliás, por que será que as palavras “pobre” e “nobre” se aproximam tanto em sua grafia e sonoridade? Uma coincidencia linguístia da nossa lingual, ou seria mais uma ironia – que coloca lado a lado contradições gritantes? Ou uma brincadeira de mau gosto da rima, em poesia e prosa, querendo nos dizer alguma coisa em suas entrelinhas?

O Brasil é lindo, mas que pena que o Brasil é o Brasil!

Se você também se sente indignado, acesse o link abaixo e faça parte desse manifesto que está ganhando o mundo:
http://tiremobigode.blogspot.com/